quinta-feira, 21 de junho de 2012

O hipertexto e a interatividade - potencial à escrita coletiva


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"No hipertexto interativo e de estrutura não-linear o usuário transforma-se em autor."

Alex Primo

Na Wikipédia encontramos a explicação etimológica da palavra hipertexto a saber: O prefixo hiper - (do grego "υπερ-", sobre, além) remete à superação das limitações da linearidade, ou seja, não sequencial do antigo texto escrito, possibilitando a representação do nosso pensamento, bem como um processo de produção e colaboração entre as pessoas,ou seja, uma (re)construção coletiva. O termo hipertexto, cunhado em 1965, costumeiramente é usado onde o termo hipermídia seria mais apropriado. O filósofo e sociólogo estadunidense Ted Nelson, pioneiro da tecnologia da informação e criador de ambos os termos escreveu:Atualmente a palavra hipertexto tem sido em geral aceita para textos ramificados e responsivos, mas muito menos usada é a palavra correspondente "hipermídia", que significa ramificações complexas e gráficos, filmes e sons responsivos - assim como texto. Em lugar dela usa-se o estranho termo "multimídia interativa", quatro sílabas mais longa, e que não expressa a idéia de hipertexto estendido. — Nelson, Literary Machines 1992


O conhecimento técnico é criado e disponibilizado para o uso da sociedade, que o denomina conforme sua compreensão, o que nem sempre garante fidelidade aos objetivos e motivações de seu autor. As variedades de entendimento que ocorrem nas pessoas, a partir das compreensões que conseguem elaborar, compõem a diversidade social que vivemos. Olhamos e compreendemos de acordo com o lugar onde nossos pés estão fincados, diria Paulo Freire. A nossa parcela de verdade sobre o tema em análise reflete a capacidade de compreensão que temos a seu respeito. Certa ou errada, é a nossa verdade, e cada um tem a sua própria. Construir a unidade em torno de uma crença maior, composta pela junção das muitas verdades, é o desafio da sociedade contemporânea.

Desse modo pode-se questionar, será o hipertexto um novo espaço da escrita? Luiz Antônio Marcuschi (2001, p.81) reflete em sua produção: O hipertexto como um novo espaço de escrita em sala de aula, o que seria esse espaço de escrita, bem como sobre como alguns autores percebem esse espaço.

Deixemos claro desde já o que deve ser entendido com novo espaço de escrita. Para Bolter (1991) trata-se de uma nova área que vai além do espaço da folha de papel e além do espaço do livro e, além disso, é uma realidade apenas virtual. É um espaço aberto, sem margens e sem fronteiras. Esta caracterização é correta, mas prefiro pensar nesse novo espaço como um espaço cognitivo que exige a revisão de nossas estratégias de lidar com o texto. Sobretudo as estratégias que dizem respeito à continuidade textual. Pois o “novo espaço” não é mais linear nem se comporta numa direção definida.Para alguns autores, o hipertexto é a morte da Literatura e para outros é a sua apoteose com caminhos totalmente abertos e escolhas infindáveis propiciando um texto de múltiplas tramas, múltiplas conexões, ou seja, a realização do labirinto literário. Seria a simbiose completa de autor e leitor, tendo em vista se completarem nas escolhas e todas as leituras tornar-se-iam simultaneamente produções singulares.

È valido ainda chamar atenção para o fato de que o hipertexto, ao contrario do que a maioria das pessoas acreditam não nasceu com a internet, curiosamente também segundo a Wikipédia o mesmo nasceu anteriormente a criação da imprensa.Fato este que é muito interessante.

A idéia de hipertexto não nasce com a Internet, nem com a web. De acordo com Burke (2004) e Chartier (2002) as primeiras manifestações hipertextuais ocorrem nos séculos XVI e XVII através de manuscritos e marginalia. Os primeiros sofriam alterações quando eram transcritos pelos copistas e assim caracterizavam uma espécie de escrita coletiva. Os segundos eram anotações realizadas pelos leitores nas margens das páginas dos livros antigos, permitindo assim uma leitura não-linear do texto. Essas marginalia eram posteriormente transferidas para cadernos de lugares-comuns para que pudessem ser consultadas por outros leitores. (Wikpédia). Portanto o que caracteriza o hipertexto, não é o fato de que na contemporaneidade o mesmo ter como suporte a internet, inclusive é possivel no texto impresso produzir-se a hipertextualidade, mas sim possuir como caracteristicas principais a intertextualidade; velocidade; precisão; dinamismo; interatividade; acessibilidade; estrutura em rede; transitoriedade; organização multilinear. Desse modo, considerando essas caracteristicas o hipertexto, conforme explicitado na Wikpédia pode configurar-se no seu uso na prática pedagógica, como uma possibilidade de construção da autoria dos educandos e educadores.

O trabalho com hipertexto pode impulsionar o aluno à pesquisa e à produção textual. O hipertexto como ferramenta de ensino e aprendizagem facilita um ambiente no qual a aprendizagem acontece de forma incidental e por descoberta, pois ao tentar localizar uma informação, os usuários de hipertexto, participam activamente de um processo de busca e construção do conhecimento, forma de aprendizagem considerada como mais duradoura e transferível do que aquela directa e explícita.

Na sala de aula, onde se trabalha com hipertexto, os alunos, num sistema de colaboração, acabam aprendendo mais e através de diversas fontes. O próprio conceito de hipertexto, pode nos levar a essa intenção. Uma atividade colaborativa traz benefícios extraordinários no que diz respeito a construção individual e coletiva do conhecimento. Os professores também podem trabalhar com hipertexto para funções pedagógicas. Utilizar textos de várias turmas e redistribuí-los é um bom exemplo. O hipertexto também traz como vantagem para a educação a construção do conhecimento compartilhado, um importante recurso para organizar material de diferentes disciplinas

O modo de construção do hipertexto permite que o educador problematize, provocando reflexões, propondo análises de dados, acrescentando dados, trocando informações, editando os textos produzidos. Assim, todos os educandos participam, interagem, trocam com seus pares e constroem os conhecimentos mediados pelo diálogo e colaboração, modificando uma postura tradicionalmente passiva para uma atitude mais dinâmica e colaborativa.

Usar o hipertexto como espaço de construção de conhecimento, de modo não linear, navegar em hipertexto, possibilita aos educandos o desenvolvendo de uma estrutura mental que o capacita a de fazer links, estabelecer relações com o conhecimento, de promover a própria autoria, ao navegar pela internet o sujeito é o autor de seu próprio percurso, desenvolvendo a autonomia. Com isso o educando, desenvolve a capacidade de comunicação com outros, ao produzir em colaboração, acaba por fazer parte de um grande autor coletivo, que é o universo de pessoas que estão produzindo conhecimento, conteúdo, informação e inserindo na internet.




PRIMOAlex. Quão interativo é o hipertexto? : Da interface potencial à escrita coletiva. Fronteiras: Estudos Midiáticos, São Leopoldo, v. 5, n.

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